sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Análise: ONG terá de usar diplomacia discreta para libertar ativistas

NICHOLAS MILTON
DO "GUARDIAN"

Como todas as ações do Greenpeace, o protesto contra a plataforma petrolífera russa da Gazprom no oceano Ártico deve ter sido planejado com cuidado.

Mas, provavelmente, nem mesmo os advogados da organização não governamental poderiam prever que os 30 integrantes da sua equipe seriam acusados de pirataria.
O Greenpeace tem plena consciência de que o tipo de pressão que obtém resultados em democracias como a Noruega, também rica em petróleo, não funciona em países autoritários como a Rússia ou a China.
Devido a isso, tende a lançar mão de métodos de menos confronto.
Mas será que o fato de um protesto semelhante no ano passado em território russo ter sido feito sem quaisquer incidentes levou a organização a um senso falso de segurança?
É possível que a ONG tenha subestimado a mudança da situação política na Rússia, que nos últimos anos adotou uma linha mais dura em relação ao Ocidente por questões como a guerra civil síria.
Um fato mais importante é que as autoridades russas sempre seriam mais resistentes ao tipo de publicidade e protestos que o Greenpeace sabe tão bem gerar.
Eventos pela libertação dos ativistas, como a vigília de celebridades realizada no sábado passado, pode acirrar ainda mais o enfrentamento.
Isso, por sua vez, pode fazem com que as autoridades russas se sintam pressionadas a recorrer à sentença draconiana de até 15 anos de prisão.
Veteranos do Greenpeace como Frank Hewetson, que teve o apoio de Jude Law e Damon Albarn no protesto de sábado, sabem lidar com a pressão psicológica.
Mas o fato de alguns dos tripulantes mais jovens estarem em detenção solitária e passando por problemas de saúde mostra por que o Greenpeace precisa repensar sua estratégia.
A organização precisa encontrar uma forma de permitir que as autoridades russas desistam da acusação sem ficarem desmoralizadas --aplicando uma multa ou declarando-os "persona non grata", por exemplo.
Isso requer o uso de diplomacia e arbitragem discreta nos bastidores, como o que foi oferecido pelo governo holandês, e não a abertura de mais ações criminais na justiça e protestos do tipo da manifestação de massas "Libertem os 30 do Ártico".
Tradução de CLARA ALLAIN

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